04 outubro 2010

Antes de RAP, havia MEC

Ricardo Araújo Pereira (a.k.a. RAP) não é a primeira figura nacional a ser conhecida por meio de uma abreviatura. Há mais de vinte anos atrás, tínhamos Miguel Esteves Cardoso (a.k.a. MEC). Monárquico, feio, genial.
Comecei a ler-lhe as obras todas, acabadinha de chegar à Faculdade e nunca mais parei.
Não aprecio particularmente a figura e é intencionalmente que não o vejo na televisão, para não perder o escritor. Aquele que fala de coisas por que todos já passámos, de que todos já nos lembrámos mas que seríamos incapazes de descrever, de pensar como ele. O modo como brinca com, mais do que as palavras, as ideias, é uma delícia para qualquer um que gosta destas coisas da escrita. E que se delicia ao observar nos outros o que sabe que nunca será capaz de fazer, embora gostasse.
MEC nunca teve medo das palavras nem dos palavrões. E usa-os sem pudor nem a repugnância pseudo-burguesa. Por isso, pode usá-los. Porque sabe. Ora vejam-no, no dizer de outro Miguel, o Guilherme.

(E não, não vou admoestar para a necessidade de precaução, no caso de possuirem ouvidos mais sensíveis; pessoalmente, o que me choca não são as palavras, mas o modo como são ditas - e aqui são bem ditas. [Também] porque muito bem escritas.)

AnAndrade

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O OrCa propõe:

 A Santa Caralhada

"Não se importam que me junte à equipa, não? Obrigado.
O vernáculo, como panaceia, por exemplo, contra um aumento intempestivo e anacrónico de impostos, é libertador e tem a suprema função social de, por mera sublimação, nos impedir de chegar ao extremo de nos irmos a eles (aos ministros a que temos direito, entenda-se) e fodermo-los todos... nem que fosse apenas para gerar alguma equanimidade social.
Qualquer político de merda - daqueles em que temos sido pródigos - que atentasse bem nesta realidade e em quanto um bom palavrão os defende de males maiores já deveria ter erigido uma capelinha em cada lugarejo do país. Sugiro que a deidade a ser louvaminhada seja baptizada de Santa Caralhada. E havia de ter feiras e congressos e intelectuais e economistas e tudo..."

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