A enfermeira era um ser humano de amplo recorte espiritual. Uma boazona de alma. Talvez ajudasse ter as medidas de Bo Derek, um decote à maneira e vestígios mal disfarçados de “Malizia” (La Perla), que nisto de lingerie Dick Hard raramente tinha dívidas e (quase) nunca se masturbava, como diria o professor Cathedral.
- Umas vacas malhadas, é o que elas são. Estou fartinha de manifestações. Estou por aqui de manifestações. Ora deixe lá ver o narizinho...
Dick estava sentado na marquesa (que não a senhora sua mãe, que Zeus a tenha em ripanço) e nem teve tempo de se opor ao avanço irresistível dos dois seios.
(Será que havia silicone por ali?)
A enfermeira Dália disse a Dick, com uma voz muito meiga:
- Coitadinho do meu amiguinho, que tem o narizinho partidinho...
Com mil desvelos embrulhados em carícias, Dick foi alvo de meigas atenções pela menina Dália dos sapatos de tacão-agulha e um coisinho com o nome dela a roçar-se no peito direito:
- Vou dar-lhe uma anestesiazinha a cheirar, está bem, amiguinho?
Antes que Dick pudesse dizer alguma coisa, Dália Florinda embebeu-lhe profundamente o focinho com uma mão-cheia de clorofórmio de última geração, modelo com jantes especiais.
Depois, virou Dick de barriga para baixo, prendeu-lhe solidamente as mãos com correias e despiu-lhe as calças:
- Venham, minhas amigas, vamos experimentar os novos strap-on no rabinho deste idiota...
Dick Hard acordou umas horas depois, com o rabo a doer-lhe intensamente e Paulo Portas a sorrir-lhe:
- Quero que saiba que tem a minha máxima solidariedade. Disponha.
No outro dia, o caso era manchete no “24 Horas”, “Tal e Qual” e “Correio da Manhã” : “Cidadão violado na Assembleia”, “Provocador castigado por enfermeira”, “Confrontos na Assembleia acabam anal”.
(diênde)
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